Ingênuo olhar
Sobre a relva o menino brincava
E olhava o inexistente, via aves,
Pássaros e famintas serpentes.
Depois baixava o olhar e perguntava
Porque no planeta havia tanta gente.
Lógico, ninguém o respondia, não sabia
A verdade da biodiversidade latente,
Fez-se de triste o ingênuo olhar
Como quem sofre e morre de repente.
Tão rápido veio a noite como açoite
Que a dor levanta; o canto lírico
Da coruja anunciando o amor,
Baluarte do alegre semblante.
Amanheceu e o jovem de ontem
Era o adulto de hoje, mas com outra
Visão, de agressivas atitudes e duro olhar
Que depauperam vidas de antes.