Feito sol e Luar
O dia chega, sempre tão tépido, florido, natural
Com seu calor aquecente, em dourado matinal
Colorindo os trigais, germinando a vida aos pássaros
Que se arremessam em vôos serestos, sem iguais
A noite se derrama, calma, acústica e amena
E a lua respira pequena, por não encontrar o seu sol
Sobe então resplandecida, vagarosa e acalanta
A saudade azul celeste, onde pousava o astro
Em suave e casto lençol
Mas ele que já se foi incontido, no seu brilho destemido
Nem se deu pelo choro da lua, pela falta que ele lhe faz
Sem saber que mil indagas, nos olhos dela são chagas
A espera da composição, remédio certeiro, profundo
De encontrar no mundo, para tal enfado, a solução, capaz
Que partam, então, sem lágrimas ou desalinho
Cada um por seu caminho, sempre um ao outro a seguir
Se a nenhum deles é dado a chance de olhar o passado
Sem do outro se lembrar, ainda que por toda a vida
Sem ter uma única saída, só podem se conformar
E se assim for que sigam, silenciosos e vagos
Por seus pomposos leitos, de céu, macios pedaços
Ouvindo e embalando ninhos, amantes livres a se doar
Entregues aos tantos carinhos, aos aquecidos abraços
Que não sabem os astros do céu se não lhes é dado se tocar