Solidão

Terra que me agride,

Tira tanto suor desta epiderme.

Terra que esconde seus feitos;

Suas delícias por onde passo,

Sem que as tenha, sem que as veja.

Terra azul em seus traços,

Nos esquecimentos que ponho nas mãos.

Campina verde em seus abraços,

No falecimento dos sonhos, tantos que vão.

Terra que você relata,

Quando a noite finge que pode morrer,

Na falsa madrugada que chega,

De promessas proferidas ontem.

Terra que me toca,

Por você tocada, profanada,

Seio da pátria amada

Que você, quase sempre você acaricia,

Nos lampejos se a cidade dorme,

Terra crua,

Alma nua,

Vagueia no vazio, no berço que acalenta,

Adormecendo algum sono,

Nas luzes que seus olhos,

Brilharam por mais uma noite

Nesta terra sem dono.