QUANDO DOMINGO CHEGAR...

O último respiro da tarde

Faz-me lembrar da saudade

Que no dia escondeu-se

E na quase noite perdeu-se.

A hora escura primeva

Enfeita-se do arrebol

Até vingar a treva

Que guarda, só na memória, meu sol.

Eu sou seu na distância!

Porém, sem olhos para enxergar,

No horizonte, a refletância

Do seu corpo no mar a vagar.

Neste agora reluto em dormir

Pois, acordar será ausência

No meu sábado a seguir

Na trajetória da minha existência...

Virás no domingo novamente

E no arco-íris montada

Com a aparência de uma cadente

Estrela do iriar iluminada.

Espero-lhe e sei que sorrirei

Nesta data aonde reverei seus traços

E com ritmo acelerado correrei

Novamente, de encontro aos seus abraços.

E sei que nos faremos felizes nesta imensidão

Da paisagem que nos esconde,

Que nos provoca solidão

E que neste agora não nos responde

Aos brados de cada coração

Que unidos estão pela alma --

Em um estado de sublime Oração --

Feita de lembrança e pouca calma

No espaço que dista nós dois

Por mero capricho: o destino,

Para provações que no depois

Reviverão do passado menino

Que o nosso profundo Amor

Cultiva a cada instante

Dentro de nós como uma flor

Perfumando nossas almas errantes

No sonho supremo da Vida

De duas rubras rosas em botão

Que abrir-se-ão seguidas

Para abraçarem-se nas mãos da Paixão...

(Alexandre Tambelli, para Carla, São Paulo, 03 de julho de 2004 - 04:05h)