Mas que pena, minha pequena
Fugi de mim mesmo, alugando algumas asas,
Pessoas deixei,
Lugares voei,
Hoje essas velhas um pouco usadas.
Tanto tempo, porém o tempo,
Vários minutos e horas de séculos sendo uma só coisa,
Faces que mutam, vista pelo implacável espelho,
Modelos de bolsa, e tantos cortes em seu cabelo.
Penso nos novos fios brancos,
Da sua velha cabeleira preta,
Imagino as recentes rugas,
Realçando a sua intacta beleza.
Do meu apetite, rememorei as suas receitas,
Que te trás perto, porém tão longe,
Chorando com as cebolas,
Entendi que você é o único tempero que sacia a minha fome.
Se os grãos da ampulheta conspiram contra mim,
Que me afogo,
Me enterro,
À sua porta nas areias do seu jardim.
Na névoa da manhã,
Num velho navio pirata irei chegar,
Qualquer outro avião remendado,
Ou nesse ônibus irregular.
O tempo passou, eu acompanhado da minha liberdade,
A minha pressa ansiosa, faz pesar a minha bagagem.
Sobra-me das asas, envelhecidas penas,
Se agora já és noite e tarde, mas que pena,minha pequena.