Mas que pena, minha pequena

Fugi de mim mesmo, alugando algumas asas,

Pessoas deixei,

Lugares voei,

Hoje essas velhas um pouco usadas.

Tanto tempo, porém o tempo,

Vários minutos e horas de séculos sendo uma só coisa,

Faces que mutam, vista pelo implacável espelho,

Modelos de bolsa, e tantos cortes em seu cabelo.

Penso nos novos fios brancos,

Da sua velha cabeleira preta,

Imagino as recentes rugas,

Realçando a sua intacta beleza.

Do meu apetite, rememorei as suas receitas,

Que te trás perto, porém tão longe,

Chorando com as cebolas,

Entendi que você é o único tempero que sacia a minha fome.

Se os grãos da ampulheta conspiram contra mim,

Que me afogo,

Me enterro,

À sua porta nas areias do seu jardim.

Na névoa da manhã,

Num velho navio pirata irei chegar,

Qualquer outro avião remendado,

Ou nesse ônibus irregular.

O tempo passou, eu acompanhado da minha liberdade,

A minha pressa ansiosa, faz pesar a minha bagagem.

Sobra-me das asas, envelhecidas penas,

Se agora já és noite e tarde, mas que pena,minha pequena.

Edilson Alencar
Enviado por Edilson Alencar em 22/05/2010
Código do texto: T2273447
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