TRAVESSIA SEM SORTE.
Um dia eu fui te dar a mão para passar o rio,
você sumiu, eu mergulhei atrás, mas PARTISTE.
A foz do que fomos não te devolveu,
nem a correnteza te acorrentou como se fosse eu.
Adiante, sem nada aparecer no leito lúgubre,
as águas mornas e escuras não me tiravam idéias claras
do que fomos ao nosso leito; eito de derrocadas atrevidas.
Distante, onde o rio deságua no mar,
martela em mim tuas batidas em vão,
bate coração que já não bate, bate!
Dizem que o pescador achou a blusa azul que usavas,
mas eu prefiro o azul da abóbada
que nos escondeu enquanto a gente rolava no Ibirapuera.