Fantasia

Não posso parar de amar,

A vida se estende em gotas,

A morte floresce em cada segundo.

Não posso, sou longe do azul,

Da paz que circunda o mundo,

Mas, não vive em seus sobressaltos.

Não posso parar o tempo,

Nem contemplar cada manhã,

Meu instante é pequeno,

O sol brilha longe dos meus olhos,

Mas, os raios lunares

Molham minhas noites,

Enquanto não me esqueço de lembrar,

Guardar na lembrança que não posso,

Que não posso parar de amar.

As causas vivem, projetam-se,

Habitam meu interior,

Seco, vazio, esquecido que existo.

Sou confuso, complexo,

Tentando iludir escravas,

Pacientes desta vida,

Reclusa ao fenômeno das palavras.

Mas, quando caio em mim,

Mergulho na solidão que grita,

Proclamo que apesar de tudo,

De tudo, não posso parar de amar;

Nem que seja a fantasia de um poema.