DEVANEIOS
Quando vejo esses seus olhos
Que tanta ternura transmite
Sinto em mim toda a magia
Do amor que ainda resiste;
Esse olhar doce e profundo
Que me inspira e seduz
Desperta em mim tantos sonhos,
Ao delírio me conduz.
Olhos verdes sedutores,
Fugazes, inebriantes...
Embora estando tão perto
Parecem de mim tão distantes;
Renasce a força latente
Que me remete ao passado,
Revivo então bons momentos
Vividos um dia ao teu lado.
Olhos feitos de mistério
Trilha certa da ilusão,
Prelúdio da minha tristeza
Cilada para o coração;
Olhos verdes fascinantes
Misto de fel e doçura
Deixei me levar pelo encanto
Restou-me hoje a amargura.
São tão lindos esses olhos
Que às vezes não resisto,
Mas surge a lembrança do ontem
Reflito um pouco e desisto;
Apossa-se de mim o temor
De perder noites de sono
Pensando em seus olhos verdes
Entregue ao abandono.
Desvie de mim esse olhar,
Pois meu peito hoje sente
A dor de um sonho desfeito
Que ainda se faz presente;
Não quero esse olhar traiçoeiro
Razão do meu sofrimento,
Pois meu pranto ainda rola
Inundando o pensamento.
Não me venha com esses olhos
Presságio de dor e tortura
Que usando o ardil da beleza
Levou-me quase à loucura;
Não quero esse olhar zombeteiro
Que arruinou tantos anseios
Demolindo meus castelos
De poesia e devaneios.
Quero olhos mais sinceros
Noites menos angustiantes
Sem a sombra da incerteza
Sem o tormento do antes;
Prefiro seguir meu caminho
Sem a ilusão ao meu lado,
Sem lembrar-me desses olhos
Que selaram meu passado.