DEVANEIOS

Quando vejo esses seus olhos

Que tanta ternura transmite

Sinto em mim toda a magia

Do amor que ainda resiste;

Esse olhar doce e profundo

Que me inspira e seduz

Desperta em mim tantos sonhos,

Ao delírio me conduz.

Olhos verdes sedutores,

Fugazes, inebriantes...

Embora estando tão perto

Parecem de mim tão distantes;

Renasce a força latente

Que me remete ao passado,

Revivo então bons momentos

Vividos um dia ao teu lado.

Olhos feitos de mistério

Trilha certa da ilusão,

Prelúdio da minha tristeza

Cilada para o coração;

Olhos verdes fascinantes

Misto de fel e doçura

Deixei me levar pelo encanto

Restou-me hoje a amargura.

São tão lindos esses olhos

Que às vezes não resisto,

Mas surge a lembrança do ontem

Reflito um pouco e desisto;

Apossa-se de mim o temor

De perder noites de sono

Pensando em seus olhos verdes

Entregue ao abandono.

Desvie de mim esse olhar,

Pois meu peito hoje sente

A dor de um sonho desfeito

Que ainda se faz presente;

Não quero esse olhar traiçoeiro

Razão do meu sofrimento,

Pois meu pranto ainda rola

Inundando o pensamento.

Não me venha com esses olhos

Presságio de dor e tortura

Que usando o ardil da beleza

Levou-me quase à loucura;

Não quero esse olhar zombeteiro

Que arruinou tantos anseios

Demolindo meus castelos

De poesia e devaneios.

Quero olhos mais sinceros

Noites menos angustiantes

Sem a sombra da incerteza

Sem o tormento do antes;

Prefiro seguir meu caminho

Sem a ilusão ao meu lado,

Sem lembrar-me desses olhos

Que selaram meu passado.

Lourdes Cúrcio
Enviado por Lourdes Cúrcio em 19/05/2010
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