Perplexidade

Não quero parar de repente,
Nem cintilar por uma só noite,
Quero ser eterno,
Acontecer sempre, sempre que a voz tremer,
Vibrar em minha direção.
Não quero ser descartado,
Nem apenas passado.
Preciso ser presente, lampejos,
Algo que inspire o amanhã,
Raiar em seu teto sem janelas,
Romper frestas,
Esgueirar-me pelos becos,
Despontar em caminhos,
Que não sejam encruzilhadas,
Quero ser seu charme,
Seu semblante na vidraça do espelho.
E em tom corado, vermelho,
Ruborizar seu pudor desnudo,
Enquanto despida, finge
Ignora minha presença que lhe toca,
Toca, dedilha, palmeia canto por canto,
Rasgando o véu incrédulo
Na credulidade de um imenso amor,
Que feito se desfez,
Sonhado na insensatez
De nunca, nunca parar de repente.