ASSOBIO da PEDRA

Você sabe que a casa cai mas não entende

o porquê, não é mesmo, musa do esculacho?

os agiotas pintam a minha cara nos postes

e o equilíbrio é o pesadelo do morcego que sonha

Você sabe que o riso cortante do escracho

surpreende apenas a quem desconhece

o vulgar, mas ainda assim o garçom

traz na bandeja o ouvido do vizinho e a ofensa volta

Você já não sabe falar, é claro

que a Torre de Babel queima na alma,

porque não entregamos ao oficial de justiça

as linhas da palma, acenando velharias do carro?

Você não entende, não é? o sapo

atento decifra o assobio da pedra,

escolhemos o infinito pelo sexo

pois é tão vago partir que a quebra

dos anéis de Saturno espalha cubos

aonde na lua foi lago