Trigal




A estrada se expõe,
Mostra-se enquanto durmo,
Não querendo contemplar,
Meu único e tortuoso caminho.
Fecho os olhos as fronteiras,
As marcas que se interpõe entre o dia e a noite.
Calo-me aos preceitos divinos,
Não sou tensamente abençoado,
Límpido de pensamento para entender,
Participar de tudo, ficando alheio,
Absorto, perdido nas benemerências recebidas,
Legados a tantos,
Enquanto o vasto e espinhento trecho,
Trecho que faz uma vida,
Ficar paulatinamente entregue,
Jogada em nossos rostos.
Ah, trigal dourado,
Lança-te sobre nós,
Faça-nos um douro,
Que recebamos o quinhão da felicidade,
Que seja efêmera como também é a vida,
Mas, faça-nos ao menos,
Por espaço curto que seja, ouvir os hinos,
Os sonoros toques do badalar dos sinos,
Anunciando a libertação.
São grampos que espetam,
Que se estendem na longa estrada,
Tortuosa, que se expõe,
Mostra-se enquanto durmo para não ver,
Não sentir o momento da caminhada,
Este encontro inevitável,
Que hora bem tarde aos olhos se põe.