Declaro...

Vês, as palavras são poucas,

Fogem ao alcance da idéia,

Fica um vôo ríspido,

Espaçado entre os temas.

Da pobreza meticulosa das rimas,

Enlaço trechos, quase palinódias,

Ao encontro, aos berços das meninas,

Que transaram em poesias,

Fizeram festas em meus dias,

E se foram na carruagem do tempo,

Legando lenços brancos.

Vê hoje nada importa,

Até a métrica fez fuga,

Quando o vinco, a marca enruga,

O antes canto da boca beijada.

Também livres, soltos os versos falam,

Em desfile de estrelas sob raios lunares,

Reflexos luminosos de antigos lugares,

Ponto de encontro de peles sedentas.

São fixas, doces as imagens em desfile,

Ao pé da estrela cadente que passa,

Levando a sorte ao peito que abraça,

Vês do que fala nas pautas da insônia,

Embalsamando lembranças no teto,

No azul pensamento que viaja,

Enquanto estás tão longe,

Desfilando pelo espaço da imaginação,

Esquecida que cada mistério, desvendado,

Tenha sido um minuto perdido na vida.