Maldito amor...
Se soubesse que perderia minh'alma
em vão, se crendo, pudesse entender
que mentem teus olhos tão negros
e tuas mãos quando podem tocar-me
E se tu soubesses que amo-te imensamente
e, maturamente, conseguisse adiar os danos
se houvesse em tí o pouco do sentimento
que levo em mim... que prefiro não sentir...
Tão só é minha dor feroz e mortal
que ao cair das tardes eleva-se aos céus
em meus pedidos e súplicas a Deus, anjos brancos
de não amar-te com tanto e tão profano encanto...
Mas as trilhas, efêmeras e sombrias, não podem mostrar
apontar os caminhos, findar meu grito, desentrelaçar-me
destas e d'outras manhãs que virão sem tí...
Anjos celestes não podem amordaçar meus prantos
nem mesmo o mais glorioso, o mais santo
pode calar-me deste amor cravado e errante...
Para quê ser tua por meros instantes?
Se curta é a vida desta paixão inconstante e desgraçada
se mais finda, minha constância se apaga e jaz pálida...
Não queria-te por vãos momentos
a luxúria não anda bem comigo e meus apelos divinos
melhor se pudessem ser extintos meus sentidos...
E crendo em nenhuma palavra tua, sigo
entre lágrimas e espinhos cravados n'alma
entre céus e infernos desmedidos...
Onde nem corpo ou espírito podem encontrar arrego
onde chovem mais que lágrimas... Meu clamor infinito!
Cicatriz amarga e profunda d'um amor tão MALDITO!