Maldito amor...

Se soubesse que perderia minh'alma

em vão, se crendo, pudesse entender

que mentem teus olhos tão negros

e tuas mãos quando podem tocar-me

E se tu soubesses que amo-te imensamente

e, maturamente, conseguisse adiar os danos

se houvesse em tí o pouco do sentimento

que levo em mim... que prefiro não sentir...

Tão só é minha dor feroz e mortal

que ao cair das tardes eleva-se aos céus

em meus pedidos e súplicas a Deus, anjos brancos

de não amar-te com tanto e tão profano encanto...

Mas as trilhas, efêmeras e sombrias, não podem mostrar

apontar os caminhos, findar meu grito, desentrelaçar-me

destas e d'outras manhãs que virão sem tí...

Anjos celestes não podem amordaçar meus prantos

nem mesmo o mais glorioso, o mais santo

pode calar-me deste amor cravado e errante...

Para quê ser tua por meros instantes?

Se curta é a vida desta paixão inconstante e desgraçada

se mais finda, minha constância se apaga e jaz pálida...

Não queria-te por vãos momentos

a luxúria não anda bem comigo e meus apelos divinos

melhor se pudessem ser extintos meus sentidos...

E crendo em nenhuma palavra tua, sigo

entre lágrimas e espinhos cravados n'alma

entre céus e infernos desmedidos...

Onde nem corpo ou espírito podem encontrar arrego

onde chovem mais que lágrimas... Meu clamor infinito!

Cicatriz amarga e profunda d'um amor tão MALDITO!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 15/05/2010
Reeditado em 15/05/2010
Código do texto: T2258365
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