Espírito
Quando criança eu via o mundo colorido
Sonhava à vida um mar de rosas, depois
Vi que era meio barro meio tijolo, mais
Colorido ainda era viver entre verso e prosa.
Cobiçava andar pelas calçadas enfeitadas
Por pintura de Monet e gravuras de Picasso.
Mas o que mais encontrei foram crateras
E empecilho que me levaram ao embaraço.
Viajei nos sonhos que alguém havia sonhado
Tropecei no vento, senti doer no pensamento
A cruel realidade, deixei o campo e vim
Morar na cidade, hoje incautamente lamento.
Amedrontado perdi amores e caricias
No ar minha fé se multiplicou ao vento
Hoje por ti meu amor é tão grande
Que tua imagem não sai do pensamento.
De tudo ficou um pouco, as manhas ensolaradas
Os temporais e o frio que doía a pele persistem
Se estou alegre canto, se estou triste nada comento.