Inesperadamente

De boca árida,

Pele torrada ao sol,

Dispersando olhar distante,

Muito azuis, de encontro ao céu,

Ela veio, não só em meu papel,

Visitante alheia as minhas dores,

Mas, soterrada ao jugo das suas.

Os olhos pararam

Foi um choque, tato sem mãos,

Parabólica linha converteu,

Riscando o espaço, ficamos.

O silêncio apenas ditava,

A palavra não veio,

Entreaberta a boca esboçou,

Quase me sorriu.

Água, água, a sede falou,

O cansaço venceu a timidez.

Nada feito, tão pouco se fez,

Aquele bálsamo cativo,

Promessa de cura,

Oferenda para quebrar a solidão,

Desviou por segundos,

Minutos, talvez

A oprimida e fugaz tensão,

Que assume as cópias retocadas

Sem o sentido real de viver.