A Retomada dos Velhos Ventos

_________________

A Retomada dos Velhos Ventos

Drama em dois atos (poesia)

por

Jonathan Rocha

_________________

Ato 1

Um rio que sangra em desvario ou A infelicidade que não se estanca

Não há nada dentro deste coração vazio

só uma foto em pedaços, sangrando em desvario,

seguindo o curso falho de um rio,

que lampeja entre a dor e o silencio,

os momentos em que eu mais vejo

do nascer de uma rosa ao de uma lagrima

E no escuro quarto frio,

abro o peito, mesmo vazio,

com a faca sem fio,

que é o que resta de você

estranha eterna fotografia

presa a minha falha memória,

tanto quanto um rio, que sangra em desvario

***

Ato dois

O vento que nós sopramos, ou O sangue que se estanca

Sopra o vento na varanda florida,

leva a noite que esteve adormecida,

de passagem, traz tua voz já esquecida

ao meu ouvido que só disso necessita

e bem entende quando a tua vontade grita

desenhando um novo ponto de partida

Costuro o peito, desfazendo o lamento,

entrego inteiro o meu seio à teu ser

sendo de ti a parte que me faz viver

existo inteiro por soprar junto de ti

o mesmo vento que me faz retornar

pelo rio, até a calma da varanda

onde juntos, nós ficamos a soprar

***

Reny Moriarty
Enviado por Reny Moriarty em 14/05/2010
Código do texto: T2256702
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.