A Retomada dos Velhos Ventos
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A Retomada dos Velhos Ventos
Drama em dois atos (poesia)
por
Jonathan Rocha
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Ato 1
Um rio que sangra em desvario ou A infelicidade que não se estanca
Não há nada dentro deste coração vazio
só uma foto em pedaços, sangrando em desvario,
seguindo o curso falho de um rio,
que lampeja entre a dor e o silencio,
os momentos em que eu mais vejo
do nascer de uma rosa ao de uma lagrima
E no escuro quarto frio,
abro o peito, mesmo vazio,
com a faca sem fio,
que é o que resta de você
estranha eterna fotografia
presa a minha falha memória,
tanto quanto um rio, que sangra em desvario
***
Ato dois
O vento que nós sopramos, ou O sangue que se estanca
Sopra o vento na varanda florida,
leva a noite que esteve adormecida,
de passagem, traz tua voz já esquecida
ao meu ouvido que só disso necessita
e bem entende quando a tua vontade grita
desenhando um novo ponto de partida
Costuro o peito, desfazendo o lamento,
entrego inteiro o meu seio à teu ser
sendo de ti a parte que me faz viver
existo inteiro por soprar junto de ti
o mesmo vento que me faz retornar
pelo rio, até a calma da varanda
onde juntos, nós ficamos a soprar
***