Legado
Quando parti, confiei meu coração a você,
Para uso e cuidado, serviço e mais mercê.
De súbito, caí em mim e voltei preocupado.
Era tarde, tinha uma placa “de luto, fechado!”
Que confusão minha amada,
que sentimento, que espanto!
De luto?! Mas quem morreu?
Você, o coração ...ou fui eu?
Se foi você, não suporto
não agüentaria o pranto.
Se foi ele, pouco importa,
já não me servia tanto.
Mas se fui eu, que estranho...
A morte então é um deserto?
Uma solidão sem fim?
Você continua tão perto
Porém, tão longe de mim!
Se, porém, fomos nós três.
Meu coração, eu e você.
Quem sabe seja a saída.
Malgrado a precoce ida
Seja, por fim, nossa vez.