MESMICE
As ruas de pedra.
As casas, as mesmas.
O calor desta cidade, igual.
No jardim da praça,
As flores nascem e,
Continuam as mesmas aos meus olhos.
Viu só?
Ouça o latido:
O vira-latas continua...
No mesmo lixo.
O Geraldo, sim, o da carroça,
As mesmas palavras.
Sabugo, seu burro,
Talvez nem escute mais.
No mesmo compasso,
Mesmos passos.
Tudo igual!
Nada mudou.
Sou o mesmo...
Veja, procura ver com os meus olhos...
Você descendo a rua,
Eu subindo,
Agora, você mais perto...
Meu coração dispara.
As pernas, as suas,
A cada passo,
Esfrega-se uma na outra.
Mesmice.
As pernas, minhas, tremem.
Seu vestido apertado,
Teimoso, sobe.
Deixa a mostra pedaços,
Para mim, inteiros.
Suas mãos,
Mesmice,
Teimam e estica-e-puxa,
Para baixo.
Tudo no lugar.
Viu só.
Nada mudou,
Continuo amando...
E você, talvez nem saiba.
Mesmice.