Em vocábulos me fiz
Sei que existo em algum lugar,
Nos campos verdes,
Nas planícies que nunca toquei.
Sei que posso por vezes,
Em descaminhos, fazendo desencontros,
Trocando as mesmas palavras,
Que soaram quando tudo foi silêncio,
São águas as gotas que caem,
Que molham meu rosto,
Que fizeram uma cascata no seu.
São manchas inabaláveis,
Imorredouras, os toques que um dia,
Sem saber, lancei um ser faminto,
Desejoso, anseia.
São verdes as colinas,
Morenas as meninas,
Todas, todas que passearam,
Ditaram e sorriram das coisas sem causas,
As mesmas que me possuem,
Que um dia tentaram tê-la.
O pano caiu,
A veste desceu, o palco ficou fechado,
Porém... Nu,
Despido deste tesouro, desta relíquia
Que todos perderam.
Sou o douro da poesia,
Lástima para quem não me teve
Perdão as que não conservaram
E que lamuriem todas que não conheceram,
E não sabem que existo em algum lugar,
De peito para o mundo,
De frente para a vida,
De costas para o passado.