Meu porto seguro

Há em algum lugar,

Dois olhos cintilando,

Na noite escura pela luz que me falta.

Há também em algum ponto,

A confluência de nossos caminhos,

Naquele, naquele propositado encontro.

Há em uma espera,

Ânsia que exaspera

Quando os ponteiros da hora

Verticalmente se postam,

Quando o ocaso se foi

Embalado no berço da tarde

Levando o último raio de luz,

Deixando minar a saudade,

Que molha lenta, lenta em surdina

Dos olhos da eterna menina,

Jogadas pelo espaço, brilhando, brilhando,

Tirando da noite a sutileza,

Humilhando o artifício dos luminosos,

Bordados em coloridos que se calam.

Ah, Deus em que bálsamo hei de ancorar,

Repousar a dor, a mágoa que vem?

Em que luz, por guia, hei de encontrar,

Descobrir o rumo certo em tantas,

Tantas encruzilhadas?

Pudesse haver, de mirar

Flutuante no berço da noite

O brilho esmeraldino que fosse,

Que fosse por segundos, apenas, para saber,

Conciliar o sono sabendo que ainda és,

A estrela guia ao passo certo,

Que não fui esquecido

Mesmo estando bem abaixo dos teus pés.