Poema 0795 - Degraus

Às vezes sou homem e música,

outras, céu e inferno, subo e desço escadas,

com a timidez que abala minhas palavras

ou a vergonha de falar dos meus sentimentos.

Sou a poesia que em versos tristes traz a manhã,

o solitário que ronda a lua e detesta o sol

ou serei eu a noite que os gritos expandem,

que passo a passo segue teu rumo ao nada.

Teu, o beijo fresco da hora do amor,

aparece quando a luz se apaga,

a boca que corre louca desejos iguais,

enquanto dedos cruzam isolando a sorte.

Poderia eu ser um deus qualquer,

não importa quão imóvel aparento estar,

na minha pouca alegria quase platônica,

sei compreender tuas necessidades.

Deixo que a vida suba mais alguns degraus,

ou desçam um pouco mais, não a fé,

sou um espantalho dos dolorosos,

ombro onde pousam pecados d'outros.

25/08/2006

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 25/08/2006
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