Sonhos libertados
Sonhos libertados
À noite lavando a louça
Repardo nos restos dos pratos
Que sobram no fundo da pia
Recordo passagens quando era
Moça
E repassando outros fatos
O ontem veio para o hoje, neste dia.
Refaço os fragmentos do passado,
O que ficou para trás camuflado
Sonhos, fantasias que julgava esmagados.
Pulam fora da mente libertados
Misturam-se com o presente
Reconstroem-se em novos quadros
De mãos dadas com a alegria
Fazem-me esquecer horas de agonia
Dançam lado a lado em harmonia,
Enfileirados e eretos como nítidas miragens
Flutuam, esfumaçando-se no sol do deserto
Encontram-se perdidos em mil viagens
Vagueiam, saltitam até o cansaço
De repente faz-se noite fim deste dia
Onde então passado, presente, se encontram em um abraço.
Escorre a água da torneira
Retirando o que sobrou do sabão
Enxáguo o garfo, o copo, a escumadeira,
Caem lágrimas dos meus olhos sinto tonteira
Esfrego-os com as mãos tremendo de emoção
Forte esta união dentro do tempo.
Ao lado da pia a louça está toda lavada
Em minha mente, minha vida repassada
Louça limpa, mente enxugada, vida lavada.
Sonhos realizados, estão mortas as ilusões
Objetivos reformados, sigo livre sem prisões
Em direção a incerteza do futuro.