Brisa irada
Brisa irada
Mas se irada a brisa nua desencontrar-me
e mostrar-se fugidia nalgum espelho olhado,
hei de dizer-te tonto e ao meu avesso abraçado
que irado estou e no teu amor desencontrado.
A alvorada é mansa e nela um sol se farta,
antes de acordar quente feito brasas,
cheio das facetas que em meu olhar o teu bem olha.
Um traste apego há entre nós dois
e com tanto amor pare primaveras,
como se refinasse sementes em minha alma.
E que não me perca a sorte deveras desejada
e que em meus sonhos morem outras estradas
por onde há de levar-me o tal sol cheio de brilhos,
próximos dos desejos, longe dos castigos,
e que possa em ti qualquer boca beijar-te,
antes mesmo que meu corpo te admire a carne,
sendo o meu amor refém do teu em tudo.