Memória
Como o pródigo arrependido de ter estado tão distante,
Vem o caminheiro errante, que não tinha certo destino,
Ignorando meu tino, desfazendo, mas nunca obstante,
Agora volta galante como se jamais tivesse partido.
Esqueceu-se que desprevenido de argumento concreto,
Não pode ser predileto, dentre os tantos que se esmeram.
Já que dos muitos que eram, hoje poucos são lembrados,
E o seu valor acumulado, não me passou de inútil objeto.
Deveras voltar ao relento, deveras ter ficado por lá.
Teu amor que não há, é cinza que se espalha no vento:
Não tem cheiro, não tem cor, não tem gosto, nem forma,
Sequer em algo te transforma e teu fim é o esquecimento!