O amor é como aves em fim de tarde

Há amores que são como as aves que se vão ao entardecer

Deixando no coração de quem fica uma dor que nunca parte

Todos os amores são incompletos

E precisam, por certo, de quem os alimentem ao fim de tarde

Para o amor não existe contra-tempo

Não existe espaço que o limite,

Ele voa nas asas do pensamento

A atenção e os cuidados são os alimentos do amor

Amor completo é pura ilusão

Há o amor desejo, o amor paixão

O amor é a arte na pura intenção de que os construam a duas mãos

Há os que pensam que amar é prisão

E vendam o amor com tiras da razão

Cortam-lhes as asas e podam a liberdade

Prendem-lhes os braços, acorrentam-lhes as mãos

Vendam-lhes a face, deixando-o na mais completa escuridão

Há os que amordaçam a sua boca

E lhes tolhem a verdade,

Há os que o isolam do mundo e o atiram no poço da solidão

Há o amor doente, o amor sofredor

Há os que constroem grades para que não fuja seu o amor

Há os que o alimentam de alegrias, e os que o ceifam com a dor

Há o amor que fica e o amor que parte,

Um é dito sempre felicidade

O outro é chamado muitas vezes saudade