ENAMORAR
Quando me enamoro,
o coração fica alegre,
harmonioso, cheio de paz.
É satisfação de viver.
Todo o corpo se abranda.
É a evidência da paixão,
o cantar da jandaia
nos prazeres amantíssimos
de um amor puro.
Ah ! É liberdade de carinhos e
o encanto dos sentimentos mais puros.
Me atrevo a bailar a canção
dos enamorados.
Lembro tempos dourados
de minha juventude, onde se abria
a porta do carro.
Se colocava o lenço para a menina
sentar na calçada.
Nos causava ternura e a pessoa amada
encantada ficava.
O que nos proporcionava um amor
cheio de paixão.
Namorava-se no escurinho das matinés;
um beijo roubado depois do apagar das luzes,
era a coisa mais pura em nossas paixões,
mesmo que este beijo fosse passageiro.
Que saudades dos anos dourados
de minha juventude, a gente dançava
com o rosto coladinho ao dela, e nossos
corpos se encostavam, se acariciando.
Tudo era muito puro.
Para se ver um pedacinho do ombro,
uma alça caída, era delicioso demais e
muito convidativo ao imaginativo.
Saudades dos Beatles, da Bossa Nova,
dos movimentos dos Festivais da Record,
de auditórios e outros tantos, dos cantares
que nos acompanhavam em nossa juventude.
Das tardes de auditório, da Rádio Cultura
de Pelotas, ali na rua Sete de Setembro,
entre a rua Andrade Neves e a rua Gal. Osório,
onde os jovens cantores, eram selecionados
para irem a Porto Alegre, se apresentarem
no programa DO GURI, que por sua vez, iriam
para São Paulo e Rio de Janeiro, para os programas
de Cesar de Alencar, entre outros.
Havia mais respeito as pessoas
e não nos chamem de saudosistas,
porque nós estamos bem vivos por aqui
para as comparações.
São simples saudades dos tempos de matiné,
seção das duas, ou então, seção das oito,
no cine Capitólio, ali na rua Anchieta,
onde as filas dobravam os quarteirões, e os
namoros aconteciam entre uma pipóca e outra.
Nos respeitávamos, nos entregávamos
em dedicação total aos cuidados do amor,
da fidelidade e do interesse por aquela pessoa.
O pouco, nos satisfazia. Precisávamos nos sentir
e agradar a nós mesmos e por extensão, nossas namoradas.
Haviam promessas de amor eternos
e as coisas corriam um pouco por aí.
Se andava sozinho pelas madrugadas afora,
sem medos.
Não haviam drogas a atrapalhar os caminhos
e não haviam questionamentos maiores
de preocupações, sobre perdas e decepções,
pois havia muito respeito.
Tinham os desamores naturais
e nisto, não há quem suporte.
Há a dor do sentimento, vezes outras,
a dor do corpo, que causava este
desapêgo por alguém por qualquer razão.
É sempre ruím o rompimento dos sentimentos
amorosos, e dava a sensação de terem
arrancado um pedaço da gente
quando isto acontecia.
Isto, dói... dói.... dói...
Porém, ninguém está livre de pedaços perderem
ainda mais quando isto faz parte de nós.
Estes momentos nos deixaram marcas,
quem sabe: para a velhice.
O sentimento fica gravado em nosso coração,
e quanto mais, as partes gostosas
de qualquer envolvimento.
Penso que não se deva desistir
da esperança, mesmo passado anos,
mantenha-se em pé,
ainda que sentindo as mais fortes dores.
Erga a mente e o coração, porque
na próxima vez, tudo será diferente.
Pense neste amor, e não o perca
por nada no mundo, mesmo que haja dor,
no seu íntimo.
Dê a volta por cima e mostre o quão
grande você é; pois no fundo você
poderá não ser o culpado,
e quem sabe ela não seja digna de você.
De qualquer sorte, ame, e ame...
Você faz parte do doce desta vida
e o amor é o encanto mais suave
dos enamorados que ainda restam.
Se foi ontem, ou hoje, se enamore,
ame, ame e ame...
A vida espera isto de você.
Do Escrevedor de versos: tabayara sol e sul