MARES DA PAIXÃO

Como um barco à deriva

Pelas sendas dos mares da pai navego

Gritando teu nome até secar-me a saliva

Mesmo sabendo que sofrerei me entrego.

Já não sei dizer se posso

Afastar-me deste amor que carrego

Sinto-me agredido pelo remorso

Pois foi de tanto amar que fiquei cego.

E perdi o leme

O leme do coração

Hoje inconsolavelmente minh’alma geme

Com os olhos molhados pedindo perdão.

Navego pelos mares do amor

Para um dia poder dizer-te

O resumo da minha dor

E que em hipótese alguma deixei de querer-te

Mesmo sob duras ameaças

Mantive-me firme

Dia após dia chorando por este amor que me desgraça.

E por esta dolência que mi oprime.

Num destes dias curvado aos prantos

Não sabia que fazia parte dos teus planos

Amar-me tanto

A ponto de me causar danos.

Apesar de tudo que sofri

Naufragado em ardentes desejos

Sufocado pela distância que existe entre mim e ti

Por este amor que mata-me e não vejo.

Neste barco sou impelido para os quatro mundos

Onde pouco a pouco vou deixando os meus lamentos

Sofrendo por um pouco de tudo

Cantando meus versos nas harpas trêmulas dos ventos.

Talvez você não veja, mas tenho minh,alma doente

Pelas palavras chorosas que meu coração dita

Sofro e ninguém sente

Sofro por alguém que não acredita.

Em minhas confissões deixadas ao meio

Nem nas estrofes que o meu coração diz

Banho-me neste mar, respiro fundo e devaneio.

Pois sei que jamais vou esquecer das loucuras que já fiz.

Para não te perder

Para preservar a todo custo esta esperança

Quis morrer, sim quis morrer!

Porém você me veio à lembrança.

Veio a mim a lembrança do tu rosto

Eu em alto mar tomado de alvoroço

Amargando as muitas mágoas que as ironias do amor me tem posto

Fui tomado por um delírio e vi minhas lágrimas correrem por teu pescoço.

Deslizando até os teus pés

Gritei com a ardência do meu peito ferido

Vendo meus prantos lavarem o convés

É duro saber o quanto te hei perdido.

Julga-te vitima de alguma ofensa?

Qual foi o meu erro Senhora?

Será que errei em devotar-te este amor por excelência?

Será que errei ao render-me a este amor que me devora?

Onda após onda busco respostas para minha alma cansada

O desejo de amar é mais forte que eu e me consome

Com a face em lágrimas mergulhada

Pergunto: qual foi o meu delito Madame?

Para que te sintas ofendida.

Rasgue-me agora o peito com doçura e lance no fundo dos mares esta solidão.

Cura-me desta ferida

Que dilacera a cada dia meu coração.

Enfim desperto

Deste delírio, deste sonho que nunca foi vivido.

E com os olhos abertos

Caio em mim com o coração liquefeito, diluído...

Sozinho na embarcação

Com saudades do teu amor, do teu carinho.

A todo momento pedindo-me perdão

Usando uma coroa de espinhos.

Pedindo perdão por ser um mártir navegante

Um poeta sonhador

Lançando versos nestas espumas flutuantes

Eu sou o holocausto do amor.

Ás vezes reflito e não sei

Se algum mal te tenha feito

Por confessar-te o quanto te amei

Ou se algum mal me fiz oferecendo-te a casa do meu peito.

Para você fazer o teu recanto

A tua morada

Entrar, deixar as marcas do teu encanto.

E querer sair sem dizer nada.

Se fores

Deixe comigo uma lembrança tua

Leve consigo uma lembrança minha

E em minha embarcação não navegarei sozinho

E em tua vida não seguirás sozinha.

Escritor Jailson Santos