Não Sei...
Os barcos se amedrontam e recolhem-se aos portos
Estão com muito medo porque navegam sobre mares de mortos.
As tempestades ainda nem chegaram. Ainda não são furacões.
O velame geme, o cordame treme e aceleram-se os corações.
Talvez seja o fim. Pode ser que nada mais termine e nunca mais se comece nada...
A vida vale muito pouco, quase tudo, e não se pode mais ver a esquálida estrada.
Apenas a névoa, que encatarata e encascata os olhos de lágrimas, sobrevive cortina...
Aceleram-se a maceração e o trincamento da face, que vira terra lavrada
Pelo arado da consciência, aquele que nos oferece a última chance da volta à inocência.
Mas não! Para que voltar? Por que motivo ser puro novamente, se não existe mais a indecência?
O que será que existe de desigual entre navegar sobre um mar de mortos
E ser navegado por uma arca de condenados a cairem sem vida
Quando secarem as águas dos prazeres e o barco prostituto
Encalhar no ilusório alto das colinas de ouro-de-tolo, à mercê da misericórdia dos Ventos e das areias, sem um beijo sequer, para dividir o escorbuto.