Relâmpago
E a sintonia de outrora anda saindo do ar
Você não precisa destes relâmpagos, raios e trovões
Entontece, fere, queima, acinzenta
mas também esclarece...
Num clarão quase epifânico
Mas é quase... e é o quase que me perturba
O que houve/há?
Por que estamos assim... fora do ar?
Eu te amo
Eu te amo, tanto...
Mas isso que chamo de amor já não te faz bem
Já não me faz bem
Que venha o relâmpago, agora
mas que venha em sintonia
com a tempestade do esquecimento
que venha em sintonia
com o que somos, agora
com o que fomos:
Promessas de cumplicidade
entrega do corpo, resquício da alma
Alma de artista (seduz, encanta, sente e vai embora)
Que venha o relâmpago
com ódio, com choro, com riso... sorrisos
amarelos, pardos, vermelhos...
Vermelho como a cor do esmalte que cintila minhas dores
vermelho como a cor dos seus lábios que atiçam meus desejos
Que venha o relâmpago
com (des)equilíbrio e precisão
Que venha o relâmpago
com abraços, laços, pedaços
pedaços de tudo que se foi
Que venha o relâmpago
iluminando o espírito
confortando o corpo
Que venha o relâmpago
com raios, trovões, canções
Que venha o relâmpago
com tudo e o mais
Mas que venha a mais.