Andrezza

Não sei se você sabe o que vem a ser descartável.

A gente pra você é como uma toalha de papel.

Não sei o que você entende por condicional.

O meu encontro com você se condiciona à carona que vou lhe dar.

Não sei qual a sua idéia de compromisso.

Fica um dia comigo, depois leva logo um sumiço.

Passei todo um dia feliz,

e dez, talvez quinze na mão.

Pra quê tudo isso então?

Pra quê ficar de prontidão?

Pra quê te querer outra vez?

Talvez nem precise de ti.

Preciso de mim muito mais.

A droga é que quando não estás,

eu tenho a maior punição

que possa me infligir:

eu ando pra frente e pra trás,

ficando a chorar e a sorrir.

Mas quando eu chegar e te vir,

lá vem a maior redenção.

Nem quero o aceno da mão,

só quero tua voz pra ouvir.

Não sei qual a idéia que você faz de nós dois juntos.

Eu pergunto: você pensa mesmo nisso

ou é só na carona pra subir pra Guaratiba?

Na volta eu venho engrenado,

enfrento glorioso a descida.

O peito todo estufado,

a mente desguarnecida,

alegre ou até esquecida

das horas que vêm pela frente

quando estarás novamente

desaparecida ou ausente

e eu, apesar de carente,

tiver que brincar de achar

que posso dar conta de mim.

Rio, 02/05/2006