NINGUEM É DE NINGUEM

Na barriga que carrega um menino,

Nas dores que o rebentarão ao mundo,

Nos seios que o alimentarão para a vida,

Nas asas que o farão livre e dono e uno,

A certeza que ninguém é de ninguém.

Nos olhares que se cruzam, que conquistam,

No feitiço do desejo que encanta e se faz paixão,

Na vida que se entrelaça e segue um caminho,

Que se parte nas encruzilhadas do desamor,

O retrato de que ninguém é de ninguém.

Na busca de todos pelo amor, pelo ter, pelo se dar,

Necessidade de encher o colo, a cama e o coração,

No deleite de amar, ceder e partilhar vontades,

Prevalecendo gostos, instintos e manias singulares,

Mantém cada um dono do seu querer, suas asas e lemes.

As asas que não podas são as que levam ao céu,

O leme que não amarras e o que leva ao porto,

O infinito do céu por onde vagueia o teu amor,

É o mesmo porto para onde navega seu desejo,

Só os caminhos livres encaminham ao amor infinito.