Foram tantos os caminhos...
Percorri todos os continentes
procurando o caminho que me levaria até você...
No Saara
senti o vento do deserto
descobrindo os sete véus acariciando meu rosto
pisando na areia morna sob o sol escaldante...
Escalei as pirâmides do Egito
vislumbrando o reluzir das riquezas há muito
escondidas nas tumbas dos faraós...
Caminhei pelos labirintos dos Champs-Élysées
subi no gigantesco pilar da torre Eiffel
para admirar a linda cidade-luz...
Nos canais de Veneza ao som da valsa
e atenta aos castelos por você procurei...
Segui a trilha que me levou às muralhas da China
deixando-me encantada!
Disputando espaços até gafanhotos degustei
assistindo as óperas em Pequim...
Apreciei os arcos nas naves de Córdoba
enfrentei olhares das espanholas
e nas arenas da Catalunha vi os touros
tombarem sangrando agonizante
ao meio da multidão bradando olés...
Desfilei pelos guetos no Bronx
e pelas bolsas de valores de Nova York.
Saí dos Cassinos de Las Vegas
com mais dinheiro que um dia sonhara...
Das Américas quase tudo conheci.
Visitei as montanhas
as minas, as praias, os pantanais.
Posso dizer que desci do Oiapoque ao Xuí.
Desisti...
Esqueci minhas andanças me entregando a solidão.
Sonhando como criança singrei os verdes mares
e nenhum sinal de encontrá-lo.
Mas o destino que fez meus passos tropeçar
jougou-me nos braços do velho amigo pra chorar...
Numa tarde descolorida pelo outono
sem hora marcada
fez uma luz brilhar para o seu caminho cruzar.
E das verdades que eu tanto conhecia
vi tudo mudar...
O amor que saí a procurar
fora tempo perdido
não seria preciso ir além para buscar.
Era óbvio demais
estava no meu trajeto singular.
Era só abrir a porta
e deixar meu passado entrar...