É de noite meu amor, é de noite…

Na qual eu durmo acordado

Na qual sei que me enquadro

Na insónia perpétua

De estar a teu lado…

Porque nas trevas

Eu gero a iluminação

Em portentosas horas de afectos secretos

Da mais suprema criação

Enquanto te escrevo mais um conto

Que quero de encantar

Enquanto te escrevo mais um poema

Que surge ao ritmo diletante

E misterioso

De mais um beijo que te dou

Um beijo curioso

Pela sua intermitência

Pela sua brevidade

Porque um segundo e um beijo para mim

Duram uma eternidade…

E as estrelas e a vida

São iluminações breves

Iluminações momentâneas

Perante as tarefas que executo

Tarefas tamanhas

Que essas sim duram imenso tempo

A elas e a elas e quase só a elas

Me dedico

Com insuspeita dedicação

Escrever e viver para escrever

Até que me falte a inspiração

E assim não posso ser teu

Como desejarias

Não posso ser de nada

Nem de ninguém

Pertenço ao vento

Que é breve

E ao mesmo tempo eterno

Pertenço a quem me ama

Ou quem há de mim gostar

Mas essa gente

Tem que saber

Que a elas nunca me darei

Na plenitude da humanidade

Pertenço pois aqui

A quem

E a qualquer outro lugar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 04/05/2010
Código do texto: T2236540
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