A sedução da noite
A luz da manhã ofusca olhos sensíveis,
Que aprisionados em ilusões vãs observam o aparente,
Esquecem que o etéreo não se pode ver com precisão
Faz parte da alma, do sentimento, da essência.
Mas a noite em sua infinita sabedoria de contrastes,
Onde escuridão e iluminação se complementam,
Céu negro e estrelas se acasalam numa união perfeita,
Traz liberação ao seres encantados das sombras.
Por trás das persianas da noite, seres sobrenaturais se humanizam,
Descobrem-se, revelam-se, mistos de solidão e encontro,
Eternizando momentos finitos sem muitas preocupações,
Leves no espírito que os conduz ao mirante da vida.
Nesse ínterim mágico, envolvente, sedutor de um tempo esquecido,
Uma musa caminha pela floresta com passos de fada arqueira,
Vigia o entorno no contorno de uma estrada de vaga-lumes,
Sente a atmosfera familiar de paz sem temores ou sobressaltos.
Não há verdades absolutas ou mentiras infinitas ao cair da noite,
Seu reino é compartilhado com Deusas, duendes, serpentes ou monstros,
A estética da noite não é ditada por convenções do espelho diurno,
O olhar noturno é multicolor, nunca cinza ou preto & branco.
Escondido nas matas, esse poeta sonha com um beijo roubado,
Esperando provar o doce néctar presente nos lábios de sua musa,
Tímido entre folhagens que lhe ocultam as formas humanas,
Deseja ser imortal por uma noite, na ampulheta do tempo que se esvai.