A MULHER QUE AMO
Quero dizer da mulher que amo,
Fazê-la poema, pois, poesia já o é.
Quem sabe compará-la a um laranjal em flor,
Aroma de paz tomando corpo e forma e alma,
Atraindo nuvens de beija-flor e a mim também.
Ou talvez a um campo de lírios floridos,
Soprado por ventos vindos do norte,
Iluminado de vermelho pelo fim da tarde,
Protegido pelo céu que chega já repleto de estrelas.
As vezes me lembra o amanhecer a beira mar,
O sol radiante emergindo das profundezas,
Dando luz ao mundo e iluminando a mim,
Fazendo brilhar as ondas que quebram nas pedras,
Clareando a praia onde as ondas chegam mansas.
Não, acho melhor dizê-la uma fada,
Varinha tocando meu peito e me fazendo seu,
Adoçando todas as minhas tristezas e zangas,
Fazendo-me assim poeta e a usando como musa,
Para falar de amor com a sabedoria da experiência,
De quem ama assim, fazendo-a varal de poemas.
E quando me olha como mulher fatal,
Fatalmente a vejo como amante, meu vício,
E a descrevo como berço dos meus pecados,
Porto seguro dos meus anseios e desejos,
Fonte onde apaziguo minha sede de prazer,
Colo onde descanso e sonho ser seu herói.