PARAGEM CÓSMICA

Repentinamente

tudo parou.

O filme do universo

fixou-se numa só imagem

estática.

Tudo inerte,

astros e astronaves.

Suspensos os ruídos

o curso dos rios

e o fumo das fábricas

e as balas assassinas.

Tudo parou no espaço.

A corrida às armas acabou

e as sórdidas manobras dos magnates.

Trovões e terramotos,

cataclismos

tudo parou.

Só o mar,

continuou a ondular

com lampejos de luar

na noite em que enlaçados

meigamente nos olhámos

nos beijámos longamente.

Foi um amplexo tão forte

tão crepitante de afecto

que fez parar o universo.

E no embalo materno

do oceano a cantar

tal momento fez-se eterno

beijo terno à beira-mar!

Orlando Caetano
Enviado por Orlando Caetano em 23/08/2006
Reeditado em 09/09/2006
Código do texto: T223090