PARAGEM CÓSMICA
Repentinamente
tudo parou.
O filme do universo
fixou-se numa só imagem
estática.
Tudo inerte,
astros e astronaves.
Suspensos os ruídos
o curso dos rios
e o fumo das fábricas
e as balas assassinas.
Tudo parou no espaço.
A corrida às armas acabou
e as sórdidas manobras dos magnates.
Trovões e terramotos,
cataclismos
tudo parou.
Só o mar,
continuou a ondular
com lampejos de luar
na noite em que enlaçados
meigamente nos olhámos
nos beijámos longamente.
Foi um amplexo tão forte
tão crepitante de afecto
que fez parar o universo.
E no embalo materno
do oceano a cantar
tal momento fez-se eterno
beijo terno à beira-mar!