REGRESSO
O portão está sendo aberto, devagarzinho;
Sentado no alpendre desperto para os passos de alguém silente.
Chega... Chega pisando de mansinho.
O cão balança a cauda, sinalizando afeição.
Tento perceber pelo olfato a presença que não se pronuncia.
Viro-me em direção da ofegante respiração.
É alguém conhecido. Piloto está qual pião e pula feito cabrito.
Espero... É só o que tenho feito... de todo coração.
Sinto então no meu ombro uma mão vacilante.
Pelo toque... Reconheço! É meu filho!Vem de terra distante!
Meu coração almejava. Mandei a morte cair fora.
Embora cego e cansado, teimei com os anos.
Ignorei o fardo, porque tinha certeza da sua volta.
Eu entendo, bem o sei, pois suas lágrimas me dizem uma história...
Não o desprezo. Por que o faria? Ele é uma parte de mim... Que um dia...
Num triste dia, decidiu ir embora.
Mas a cada momento, por ele esperei.
Meu coração me dizia a todo instante:
Teu filho regressará,descanse.
Qual passarinho retornará
Para os braços teus.
À casa vazia, por certo voltará.
Reencontrando teu amor, ficará...
Porque esse é seu lugar.