Página folheada
Águida Hettwer

Em versos encadeados, vou construindo ilusões, embalando a alma até quietá-la. 

Respire meu sopro, no vasto querer dos corpos, no fio da lâmina afiada, adentra no subsolo do teu coração fazendo morada. 

Debruçam os sentimentos na janela do tempo, curvam-se nas esquinas, sob as brumas desaparecem sem deixar resquícios. 

Eternizo a essência pura das flores sobre os poros, lança sua túnica sobre meu corpo esguio, aqueça-me com tuas cálidas mãos. 

Desvendam o enigma escrito nas entrelinhas do olhar, tecendo um velho poema, jogado as traças nos armários, onde os compartimentos escondendo meus anseios mais profundos, na infinita ternura do meu silêncio. 

Numa página folheada de um livro, encontro teus vestígios, sonhos arquitetados a dois, jangada em alto mar a navegar em busca de horizontes azuis. 

Resplandece meu amor, em cada frase escrita, repousam as estrelas do meu pensar...


22.08.2006