AMANTE DISCENTE
Meu corpo, já não anseia por emoções que o cansem,
É letárgico, insípido e destronado.
Eu o zelador, deste ditoso senhor cansado
Guardo e o protejo, pois, com ele tenho segredo,
Que só a nós dois é dado!
Hoje é o melhor dia, (desde ontem).
E ele corpo e eu ação que o move; saímos,
Corpos dados em enlace afetivo.
Deixo a cidade e suas luzes metafóricas
E com ele vou ao seu passeio de regalo
Vou a certo lugar, ao pé da serra
Dita: Muralha, quando assim vista do mar
Obra de requinte e primor
Do supremo arquiteto
(Eu lhe denomino: Meu amor!)
Se o quiseres; deus nosso senhor!...
E neste passeio outonal
Deslumbramos nossas memórias
Com tempos idos ao passado
Mas nunca desusados,
Somos assim, filho e pai, amantes desde antes,
Que carecêssemos do alimento mineral,
Somos esconjuros de deus,
Vaticínio (qual)! Alegria de Dante diante de Beatriz!
Somos amantes felizes!
Na certeza que tenho que a cova rasa aguarda meu ente
Dou-lhe, meu melhor presente!...
O amor, que o guarda contente.
Assim olho este, que já foi exigente,
E o vejo, dócil, sem presunção de beleza ainda que riste
Faça espigão a quem o olha, com olhos de ambição.
E neste rumor de pássaros cantantes
Que delineiam no céu; folhas ao vento
Encerramos nossa viagem ao centro
E lá, ao longe a muralha
Desfia prantos de serra,
Pranto nascido da terra
O ultimo lugar, que o pai, ao ente assevera!
___________________/\_________________________
Paraíso
(Canto XXV)
Se acontecer que o poema sagrado,
em que céu e terra puseram mão,
(magro me fez, de tanto ano passado)
Vencer a crueldade que em prisão
me exila do redil onde, cordeiro,
dormi, oposto aos lobos que o atacam;
Voz e pêlo distinto do primeiro
terei, chegando poeta, e me façam
a testa ornar com folha de loureiro …
A divina comédia
DANTE ALIGHIERI
__________________***_____________________
Imagem: Roberto Portaquá (praia do indaiá - bertioga - SP)
Meu corpo, já não anseia por emoções que o cansem,
É letárgico, insípido e destronado.
Eu o zelador, deste ditoso senhor cansado
Guardo e o protejo, pois, com ele tenho segredo,
Que só a nós dois é dado!
Hoje é o melhor dia, (desde ontem).
E ele corpo e eu ação que o move; saímos,
Corpos dados em enlace afetivo.
Deixo a cidade e suas luzes metafóricas
E com ele vou ao seu passeio de regalo
Vou a certo lugar, ao pé da serra
Dita: Muralha, quando assim vista do mar
Obra de requinte e primor
Do supremo arquiteto
(Eu lhe denomino: Meu amor!)
Se o quiseres; deus nosso senhor!...
E neste passeio outonal
Deslumbramos nossas memórias
Com tempos idos ao passado
Mas nunca desusados,
Somos assim, filho e pai, amantes desde antes,
Que carecêssemos do alimento mineral,
Somos esconjuros de deus,
Vaticínio (qual)! Alegria de Dante diante de Beatriz!
Somos amantes felizes!
Na certeza que tenho que a cova rasa aguarda meu ente
Dou-lhe, meu melhor presente!...
O amor, que o guarda contente.
Assim olho este, que já foi exigente,
E o vejo, dócil, sem presunção de beleza ainda que riste
Faça espigão a quem o olha, com olhos de ambição.
E neste rumor de pássaros cantantes
Que delineiam no céu; folhas ao vento
Encerramos nossa viagem ao centro
E lá, ao longe a muralha
Desfia prantos de serra,
Pranto nascido da terra
O ultimo lugar, que o pai, ao ente assevera!
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Paraíso
(Canto XXV)
Se acontecer que o poema sagrado,
em que céu e terra puseram mão,
(magro me fez, de tanto ano passado)
Vencer a crueldade que em prisão
me exila do redil onde, cordeiro,
dormi, oposto aos lobos que o atacam;
Voz e pêlo distinto do primeiro
terei, chegando poeta, e me façam
a testa ornar com folha de loureiro …
A divina comédia
DANTE ALIGHIERI
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Imagem: Roberto Portaquá (praia do indaiá - bertioga - SP)