Poema quente pruma noite fria
Bebi de você sedento
E deixei pensamentos leves
Ecoarem pelo quarto vazio
Tudo era bom de mais pra ser verdade
Os poemas eram livres de mais
Copiaram tuas asas coloridas
E fugiram do meu controle
Farfalhavam pelos cantos
Repetindo versos ao acaso
Dando forma ao teu gosto
Dando som ao teu suave toque
Acabaram por infestar a cama
De libertinagens corriqueiras
Daquelas mais bobas
De puxar o cabelo e morder o pescoço
Já desisti de ser o que queria
E nem por isso deixo de sorrir
Pois são tuas palavras cruas
Que embelezam meu caminho de volta
Faço o que bem quiser delas
Pois foram destinadas a mim
Balas perdidas perfurando carne
Deixando buracos ao alento
Basta então um sorriso teu
Para que a poesia me ordene
Um suicídio de versos vesgos
Prontos para pousarem em ti.