Poema 0789 - Adeus, poeta!
Tenho um mundo ou dois, só meu,
não sei bem quanto de amor ainda guardo,
e mais, paixão sentimentos bons,
os ruins, deixei quando nasci,
larguei na beira da cama de minha mãe.
Quantas coisas a natureza me deu,
um pouco de sangue, olhos e mãos,
a transparência das idéias, a crença,
tenho ''Deus'' como um espelho virado pro céu,
refletindo meus pecados, os poucos, aos poucos.
Não sou justo, não sei ao certo quem sou,
um caminhante perdido nas mentiras do mundo,
talvez um honesto homem de família desconhecida,
não sei quantas dias andei a minha procura,
alguém deve saber de mim ou do meu destino.
Tem certas coisas que jamais saberemos nesta vida,
não sei o que vim fazer neste pequeno mundo grande,
louco eu, sim, louco somos todos que gritamos,
também os mansos que param as palavras na garganta,
deixo na terra vestígios de um sonâmbulo incompreendido.
Voltarei amanhã à noite, na noite do meu sono,
vou para cidade de onde o céu é azul, as ruas douradas,
caminho lento a cada hora para meu suposto fim,
não deixo nenhum talvez, amor, sim,
lembrem-se do poeta quando meu corpo exalar no ar.
22/08/2006