Virtualidade
Pense que d’outro lado, ela morde os lábios
E retrata sua caricatura em minha fantasia
Mordendo seus lábios em meus lábios
Estampados em minha mente
Pense que seus finos dedos se estiram
Travessos, requintados dos suspiros
Que ofegam intrepidamente
E se atiram sobre meu rosto, olhar indecente
Pese sua silhueta, em atrasos, se remexe
Passa por meus olhos, de sua pele, navalha
Minhas fantasias, canalhas
As constrúo sobre sua memória, e o que ela sente
Pese seus sôfregos movimentos,
Imagine o sangue que lhe envermelhece o rosto
A lingua que umidece seus beiços
O convite de sua boca, sua lingua e seus dentes
E pense e pese sem penar
Sem precisar pensar
Sem precisar pesar
Que, enquanto a distância nos remói a parte
Este desejo inda há muito de me perturbar
Sendo deste meu tempo, espaço suficiente a sonhar...
RF