Irracionalidades…

Não percebo porque amo a noite

E porque tenho de viver de dia

Quando é na noite

Que costumo gerar

As coisas que me dão mais felicidade

Os dias são tão rápidos

Que quase esvanecem

A magia da escuridão

Quase tiram sentido

À minha eternidade

E assim tenho de utilizar

Na claridade

As palavras que sonho

Na obscuridade…

Não entendo porque vivo

E sinto-me bem a viver

Sempre em altíssima rotação

Quando na verdade suspiro

Por tempos mais calmos

Mas estes na realidade

Inquietam parte do que sou

Tornam mortiça

A minha interioridade…

Procuro um sentido

Uma lógica

A ponta do novelo

Que não tem fim

A questão de te amar tanto

E de não acreditar

No entanto

Que possas ficar

Junto de mim

Não saber se te quero por perto

Se esse amor impossível

É o que me faz desejar-te

Na probabilidade incerta

De que se te tivesse

Quisesse evitar-te

Porque sou assim

Para as minhas causas mais nobres

Mais sagradas

Que estão sempre no limiar do impossível

E assim posso sonhar com elas

Posso pensar numa outra realidade

Onde os sonhos seriam

Aquilo que não posso alcançar

Porque quando alcanço algo

Quase logo de imediato

Tal me começa a enfastiar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/04/2010
Reeditado em 26/04/2010
Código do texto: T2220444
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