Irracionalidades…
Não percebo porque amo a noite
E porque tenho de viver de dia
Quando é na noite
Que costumo gerar
As coisas que me dão mais felicidade
Os dias são tão rápidos
Que quase esvanecem
A magia da escuridão
Quase tiram sentido
À minha eternidade
E assim tenho de utilizar
Na claridade
As palavras que sonho
Na obscuridade…
Não entendo porque vivo
E sinto-me bem a viver
Sempre em altíssima rotação
Quando na verdade suspiro
Por tempos mais calmos
Mas estes na realidade
Inquietam parte do que sou
Tornam mortiça
A minha interioridade…
Procuro um sentido
Uma lógica
A ponta do novelo
Que não tem fim
A questão de te amar tanto
E de não acreditar
No entanto
Que possas ficar
Junto de mim
Não saber se te quero por perto
Se esse amor impossível
É o que me faz desejar-te
Na probabilidade incerta
De que se te tivesse
Quisesse evitar-te
Porque sou assim
Para as minhas causas mais nobres
Mais sagradas
Que estão sempre no limiar do impossível
E assim posso sonhar com elas
Posso pensar numa outra realidade
Onde os sonhos seriam
Aquilo que não posso alcançar
Porque quando alcanço algo
Quase logo de imediato
Tal me começa a enfastiar…