Eu sei…
Que vivo
E que um dia
Hei-de morrer
Mas nessa altura difusa
Não estarei aqui
Para tal ver…
Que devo ficar
Em vez de partir
Mas tenho que estar sempre em movimento
Pois em descanso
Nunca sei
Para onde me dirigir…
Que o sol se põe
Em diferentes locais
Consoante as estações do ano
Que também são o reflexo
Dos meus ideais
Que são sempre os mesmos
Sofrendo apenas pequenas alterações sazonais…
Que te amo
E que isso me faz doer
Mas nunca concebi o amor
Sem ser uma forma
De estranhamente sofrer
Porque o amor
De certa maneira me corrompe
Enquanto também me faz sonhar
O amor faz-me ver estrelas
Faz-me aproximar de um certo abismo
Na dualidade
De imensos sentidos
No meio de imensas tempestades
Que me são essenciais como a paz
Porque a monotonia dos dias
Nada de novo me trás
Porque navego
Na cauda da tempestade
Na calmaria
Que é a minha natureza
Porque sem esta dicotomia existencial
Numa teria
A minha forma tão própria
E tão característica
De Eternidade…