O meu poema novo

O meu poema novo Não tem novidade

A minha idade

Não é nunca a mesma

O que é bom passa a gente quase nem vê

que é ruim tem passos de lesma

O meu poema novo

Quem dera fosse mesmo um poema

E falasse de amor

E de flores

O meu poema novo

É assim: já velho

Breve

Nasce morrendo sem

Ainda sem ser lido

O meu poema novo?

Ora!

Não leiam

A novidade está nas paginas dos jornais

Quem sabe?

Em meu poema novo

Não cabe!

Não cabe!

Tanto coração partido

E tanta gente na rua

A mulher nua

A dama e seu luxuoso vestido

Não cabem os classificados

Nem os desclassificados

Não cabem horóscopos

Nem a queda do helicóptero

Não cabe o sorteio da sena

(Nunca vi quem tenha ganhado)

Não cabe a cena da novela

Nem a vela para o defunto

Nem tudo junto

Nem separado

O meu poema novo é assim: rasgado