Triste fim de um amor

Banhado em água de cheiro,

meu homem saiu de casa e

disse que ia fazer um plantão.

E com passos de aventureiro,

atirou decidido e querido,

beijocas para mim do portão.

Para esperar o parceiro,

entreguei-me à cozinha e

sonhei em frente ao fogão.

Bolo de cenoura e brigadeiro,

junto com um café passado

esperavam a minha paixão.

À meia-noite, um alcoviteiro

não tardou em me informar

do destino da minha razão.

Pois, disse logo o mensageiro

que ele andava a bailar na

casa das moças do Vermelhão.

Meu amor, meu companheiro.

não fazia hora extra e nem

dobrava o turno na repartição.

Sem vergonha, um arruaceiro,

deitava o corpo perfumado

no seio farto de um mulherão.

De um jeito pouco hospitaleiro,

encerrei a triste história com

as suas malas na porta do salão.

E até hoje, estou em cativeiro,

reclusa e muito amargurada,

com a morte da minha emoção.

Márcia Fernanda Peçanha Martins

(Marcinha)