LÁGRIMAS DE CHUVA
Permita-me ser poeta, pelo menos mais uma vez,
já que homem não posso ser mais.
Agora há pouco,
enquanto meus olhos viajavam
sobre as páginas de um livro,
lembranças surgiram em minha mente,
feito nuvens cinzas carregadas,
meus olhos ficaram nublados
e lágrimas de chuva rolaram peito abaixo.
Minha poesia
faz rir,
faz chorar.
Minha poesia
já fez alguém amar.
Poeta e homem se confundem.
Às vezes são um só,
outras vezes brigam entre sí,
e existe o tempo em que juntos,
ambos nada são.
Escrever é transpirar o sentimento
pelas pontas dos dedos.
É o desabrochar de idéias
que vão surgindo no fundo branco
feito flores num dia de primavera.
Sem pedir licença,
sem qualquer aviso,
faço você de inspiração.
Já tenho o silêncio como resposta,
espero em vão,
um sinal de alento,
um abraço, um toque de mãos.
Queria ter o controle
sobre aquilo que é incontrolável.
Dar as boas vindas ao dia que nasce
e despedir-me da madrugada
como se ela fosse minha amante,
com beijos lascivos,
e não com os olhos pesados
fitando o horizonte insone.