E ela disse-lhe…:
“És o pior
E o melhor homem
Que posso ter
Que posso vir a encontrar
Mas o facto de seres como o vento
Faz-me temer
O que posso de ti esperar
Pois a tua estabilidade
Passa por mim
Ou em qualquer outro
Etéreo
E desconhecido lugar…
E assim
Não sei se me mereces
Não sei se te mereço
Pois fazes demasiadas vezes
Dum fim
Um diáfano
E ao mesmo tempo
Obscuro começo…
Não sei se te devo amar
Não sei se te devo ignorar
Não sei se me ouves
Quando pareces estar aqui
Não sei
Como me hás-de escutar…
És volúvel
Sorris por natureza
Mas em ti
Há uma desconhecida tristeza
E eu que gosto tanto de sorrir
No meio dos teus sentires
Não sei
(Como posso eu saber?)
Se vales realmente a pena…
E não quero passar
O resto da minha vida
A lamentar
Ter ficado contigo
Ter abdicado
Da tua presença
Outra vez incerta
Desconhecendo eternamente
Se querias um amor
Ou uma amiga
Se querias um receptáculo
Para os teus momentos de solidão
Se querias uma companheira
Para partilhar a tua misteriosa imensidão
E assim
Não aceito
Ficar contigo
Isso é uma tarefa mastodôntica
Que ocuparia várias vidas
E eu gosto demasiado da minha
Daquilo que ela me tem para me oferecer
Para suportar
A tua incerta
Imensa
E ao mesmo tempo
Tão vaga
Companhia…
Sem saber
Se devo estar feliz
Se devo sofrer…
Pois tanto te posso amar
Como de ti
O desconhecido por andas demasiadas vezes
Temer…”