E ela disse-lhe…:

“És o pior

E o melhor homem

Que posso ter

Que posso vir a encontrar

Mas o facto de seres como o vento

Faz-me temer

O que posso de ti esperar

Pois a tua estabilidade

Passa por mim

Ou em qualquer outro

Etéreo

E desconhecido lugar…

E assim

Não sei se me mereces

Não sei se te mereço

Pois fazes demasiadas vezes

Dum fim

Um diáfano

E ao mesmo tempo

Obscuro começo…

Não sei se te devo amar

Não sei se te devo ignorar

Não sei se me ouves

Quando pareces estar aqui

Não sei

Como me hás-de escutar…

És volúvel

Sorris por natureza

Mas em ti

Há uma desconhecida tristeza

E eu que gosto tanto de sorrir

No meio dos teus sentires

Não sei

(Como posso eu saber?)

Se vales realmente a pena…

E não quero passar

O resto da minha vida

A lamentar

Ter ficado contigo

Ter abdicado

Da tua presença

Outra vez incerta

Desconhecendo eternamente

Se querias um amor

Ou uma amiga

Se querias um receptáculo

Para os teus momentos de solidão

Se querias uma companheira

Para partilhar a tua misteriosa imensidão

E assim

Não aceito

Ficar contigo

Isso é uma tarefa mastodôntica

Que ocuparia várias vidas

E eu gosto demasiado da minha

Daquilo que ela me tem para me oferecer

Para suportar

A tua incerta

Imensa

E ao mesmo tempo

Tão vaga

Companhia…

Sem saber

Se devo estar feliz

Se devo sofrer…

Pois tanto te posso amar

Como de ti

O desconhecido por andas demasiadas vezes

Temer…”

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 23/04/2010
Código do texto: T2214429
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