A TRANSFORMAÇÃO

Eu queria saber tudo que sentes quando me sente;

Pois tuas dilatadas lentes tornam-se pupilas indomáveis;

Sinto tuas salivas inflamáveis e as tuas mãos indecentes;

E os teus desejos irreverentes completamente incontroláveis!

Queria compreender tuas palavras e loucuras nessa hora;

E a tua boca que me explora tal qual embaixatriz da avidez;

Dá-se ali uma embriaguês movida pelo vinho do delírio que te aflora;

Teu corpo me implora pra que eu lhe invada sem pudor e timidez!

Tento decifrar teu choro meigo a gritar pelo meu nome;

E a fome desse amor que te põe ajoelhada a mim rendida;

Vejo uma mulher vencida pelo afã que lhe consome;

Batizando seu eleito homem no suor cavalgador em que delira!

Eis a Ninfa da paz transformada em Amazona de guerra;

Fertilizando sua terra com a semente voraz que lhe possui;

Onde o próprio alvo conclui que a lança audaz jamais lhe erra;

Onde a manhã nos braços da tarde se encerra, mas o luar da libido restitui!

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Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 19/04/2010
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