O Homem que não poderia ser amado

Sinto o sol mil vezes

A chuva outras mil

A alegria em igual proporção

E a tristeza num estado

De total

E absoluta desolação

Estou numa estrada

Que sei agora sozinho

Pois é impossível alguém me acompanhar

Já comecei a viagem

Há demasiado tempo

Para um qualquer indefinido lugar

Não me compreendo

Não me entendo

Então como posso pedir o mesmo

Como posso pedir reciprocidade

Quando sou eu

Que não me enquadro

Dentro da humanidade…?

E assim

Danço com estranhas

Faço amor com elas

Não me posso aproximar de ninguém que me conheça

Não lhes posso chegar

Pois quando simpatizo com alguém

Os laços estabelecidos

Logo me apresso a estragar…

Sigo por isso um caminho

Sigo sozinho

E será sempre assim

Até tudo se encerrar

Nada temo

Nem mesmo a morte

Dirijo-me pois a um limiar infinito

E indefinido

Que é o meu

Esbatido local

Na minha idiossincrática forma de estar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 17/04/2010
Código do texto: T2202819
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