O Homem que não poderia ser amado
Sinto o sol mil vezes
A chuva outras mil
A alegria em igual proporção
E a tristeza num estado
De total
E absoluta desolação
Estou numa estrada
Que sei agora sozinho
Pois é impossível alguém me acompanhar
Já comecei a viagem
Há demasiado tempo
Para um qualquer indefinido lugar
Não me compreendo
Não me entendo
Então como posso pedir o mesmo
Como posso pedir reciprocidade
Quando sou eu
Que não me enquadro
Dentro da humanidade…?
E assim
Danço com estranhas
Faço amor com elas
Não me posso aproximar de ninguém que me conheça
Não lhes posso chegar
Pois quando simpatizo com alguém
Os laços estabelecidos
Logo me apresso a estragar…
Sigo por isso um caminho
Sigo sozinho
E será sempre assim
Até tudo se encerrar
Nada temo
Nem mesmo a morte
Dirijo-me pois a um limiar infinito
E indefinido
Que é o meu
Esbatido local
Na minha idiossincrática forma de estar…